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Biografia Pierre Cardin

Naturalizado francês, o estilista virou referência no mundo da moda com suas coleções futuristas

Filho de agricultores, o estilista Pierre Cardin, de 88 anos, nunca imaginou que seria milionário algum dia de sua vida. Nascido numa província de Veneza, na Itália, viveu pouco tempo na região. Por conta de problemas financeiros da família, partiu com os pais para a França com menos de dois anos, em 1924. “Nunca esqueci das minhas origens. Assim como os italianos que fugiram da Itália e vieram para o Brasil, minha família fez o mesmo, mas optou pela França”, conta Cardin.

                                                  
Naturalizado francês, o sonho de seus pais era que ele seguisse a carreira de arquiteto (área que chegou a cursar sem se formar), mas Cardin tinha certeza que seguiria outra profissão. Com menos de 10 anos, já criava roupas para as bonecas das vizinhas.

                                             
Aos 14 anos, mudou-se para Paris e começou a trabalhar em ateliês, até que, em 1945, foi convidado para desenhar o figurino de Jean Cocteu, no filme A Bela e a Fera, que rendeu várias propostas, como a de se tornar chefe do ateliê dos alfaiates de Christian Dior. “Acho que sou o costureiro mais velho de Paris e um dos primeiros a trabalhar com Christian Dior. Eu entrava às 8h e saía às 21h todos os dias”, lembra.


Em pouco tempo, tornou-se conhecido no mundo fashion e fundou sua própria maison, em 1950. “Nunca fiz parceria com financiadores. Minha maison anda sozinha. Isso me deu muita liberdade, mas muita responsabilidade”, garante o estilista. Até hoje, Cardin é reconhecido pela revolução que causou na época, pois criava coleções futuristas, com motivos geométricos, como os ternos de astronauta e o famoso ‘vestido bolha’. Suas roupas disfarçavam as curvas femininas e contavam com uma forte cartela de cores, principalmente o verde, tom predileto do estilista.


                                                O começo do prêt-à-porter de Cardin
   
No prêt-à-porter, Pierre Cardin quebrou barreiras e lançou, por exemplo, meia-calça preta para as mulheres

Meses depois, ele abandona a Câmara e passa a mostrar suas criações no Espace Pierre Cardin, seu próprio espaço que, até hoje, divulga o trabalho de novos e conceituados artistas. “Gosto de fazer figurino de teatro e cinema muito mais do que moda, já que posso aproximar mais as pessoas. Elas conseguem enxergar aquilo bem mais de perto e por mais tempo. Sou diretor de teatro há 45 anos”, revela Cardin. Em 1960, lançou na França a primeira coleção somente com roupas masculinas não produzidas na Inglaterra, convocando universitários franceses para a apresentação.

                            Cardin foi o primeiro estilista europeu a inaugurar uma loja no Japão, em 1959

Sempre inovador, foi o primeiro estilista europeu a perceber a potência do Japão no mercado da moda. Sua primeira loja na Ásia foi aberta em 1959. Após mais de 20 anos, o estilista decide ampliar seus conhecimentos empresariais e compra uma rede de restaurantes (Maxim’s) e abre filias pelos Estados Unidos, Europa e Ásia, expandindo a marca Pierre Cardin para outros setores. Ele passou a vender perfumes, vinhos, bicicletas, produtos de cama, calculadoras. “Quando passei a colocar o meu nome em outros tipos de produtos, percebi que outras coisas eram mais importantes do que a moda. Comecei a vender sardinha, por exemplo. E uma sardinha é muito mais importante do que um frasco de perfume para quem tem fome”, diz o criador.

No começo da década de 1990, ele contava com mais de 900 produtos licenciados, espalhados por cerca de 95 países, com um império cujo faturamento ultrapassava a marca de US$ 1 bilhão em royalties. Segundo ele, a sua produção de gravatas poderia dar volta ao mundo (se amarradas umas às outras). Elas eram produzidas nas mais de 800 fábricas que levavam o nome Cardin. “Sou dono de empresas e tive uma vida extraordinária. Alguém que começou do nada e hoje tem de tudo. Não é para me exibir. Só quero que sigam o meu exemplo”, garante o empresário.
Vencedor de três Oscars da moda, Cardin recebeu, em 1991, o título de embaixador da Boa Vontade da Unesco, tornando-se ainda mais conhecido por conta da sua luta contra a Aids. Dois anos depois, o estilista perde o seu parceiro de vida e trabalho, o francês André Oliver e, daquele ano para os dias de hoje, diminuiu o ritmo de trabalho. Em 2005, colocou à venda parte de seus bens e passou a investir, ainda mais, no centro de artes. “Não quero que a minha marca morra comigo. Estou à venda para quem quiser pagar o meu preço”, avisa. De vez em quando, ele passa algumas semanas nas ruínas de seu castelo em Lacoste, no sul da França, que já foi habitado por Marquês de Sade.